Em meio ao ruído ensurdecedor de tanta coisa que acontece no mundo, eu me pus a pensar no nosso propósito de viver.
Na semana que passou, no domingo, fiquei sabendo de uma triste notícia que me surpreendeu e me comoveu de um jeito tocante. Uma prima querida, nova ainda, faleceu lá na minha cidade, no Rio Grande do Sul. O que eu lembrei na hora que minha mãe me contou o ocorrido: uma luz imensa, que provinha de um sorriso encantador e vívido.
Fiquei a pensar no tempo. Será que vivendo longe estarei eu perdendo o tempo necessário que deveria estar dividindo com meus seres queridos, já que para mim, o mundo parece não ter sentido sem eles? Será que o tempo não significará mais nada do que algo que faz a gente ir envelhecendo e perdendo nossos segundos a cada dia? Pensei, pensei, pensei. Mas não fiquei contente. Não fiquei feliz com as perguntas, na verdade. Porque as respostas me parecem cada vez mais claras: nossa função no mundo é simplesmente... viver!
Uma missão nessa vida, é claro, todos nós temos. Essa busca incessante do ser-humano de sobreviver num mundo tão adverso de situações é exatamente o que nos torna tão ávidos a ela. Na luta de cada dia, às vezes deixamos de lado questões profundas referentes ao nosso existir. Menosprezamos muitas vezes uma chance pequena de fazer diferente. Essa busca da felicidade através do estudo, do trabalho, do bem-fazer. Podemos fazer tudo isso junto? Ainda lembro do ego inflamado de adolescente, quem podia com a gente? Nós revolucionaríamos tudo! “Mas, espera aí, Senhor Tempo!” “Posso dar uma palavrinha com o Senhor?” Não eram bem essas as etapas que eu esperava transpor no meio do caminho. Também não eram tantas as noites em claro, pensando demoradamente na vida. Não era esse “tantão” assim de paciência que eu achei que o viver exigiria, e mais ainda, a convivência com o próximo, por vezes, mil léguas longe de uma pequena evolução (emocional).
O tempo, a vida, os prazos que determinam tudo. Viver, pra mim, é buscar evoluir. Evoluo, na medida em que busco dentro de mim esse alguém que se desprovê de pequenos egoísmos e julgamentos fúteis acerca dos outros. Sigo evoluindo quando passo a ser um instrumento de carinho e paciência, essa última, demasiadamente esquecida nesse mundo de tantos porquês.
E a vida, bela, totalmente luz.
Presumo então, que por isso vale a pena. E é isso o que fica: uma saudade, um sorriso, uma felicidade de poder ter dividido num instante, aquele imenso sorriso.
Luiza Versamore
”Ninguém se eleva, sem esforço máximo da vontade, dos campos do hábito para as regiões iluminadas da experiência. Entretanto, ninguém atinge as múltiplas regiões da experiência sem passaportes adquiridos nas agências da dor.” Emmanuel