Até logo!


Uma nova oportunidade. Uma possibilidade de fazer diferente. O fato é que no Ano Novo, ninguém quer continuar igual, todos querem melhorar de alguma forma. Seria perfeito se esse desejo permanecesse flamejante em nosso pensamento ainda depois de todas essas festas, promessas, e planos...

Faz parte da ventura humana almejar alguma coisa. Desde a personalidade mais infame, até a mais engenhosa, não existe uma alma neste mundo que não queira realmente apegar-se a um objetivo. Pode ser que seja apenas o de sobreviver. Ainda assim, nesses últimos dias de 2011, a sementinha dos desejos vai tomando forma e deixando crescer dentro da gente uma vontade bem grande de ótimas realizações.

Como último post do ano, quero relatar um pouquinho dos fatos marcantes da minha vida neste ano que passou...

Bem, meu ano começou todo brando e calmo, eu e meu “namorido” morando em um país bem diferente, tentando viver as dores e as delícias de dividir o mesmo espaço, e, curiosamente, apesar dos pesares, conseguimos nos sair muito bem. Aliás, se não tivéssemos nos dado essa força, teria sido bem mais difícil passar pelo que viria adiante. É, porque, bem sabe quem já “casou”, o quanto um relacionamento verdadeiro custa à inveja alheia. Sempre você encontrará alguém sem nenhum conhecimento de causa pra vir dar “pitaco” na sua vida, como se dela soubesse mais do que você. Mas encarei isso como uma forma de mediocridade e fui adiante.

Em março postei pela primeira vez aqui no blog, um texto antiguinho que eu tinha escrito no meio de uma aula chatinha. Não postei tanto como eu supunha que seria, mas me empolguei bastante pra escrever algumas memórias. Conheci blogs interessantes e blogueiros amigos, cujo incentivo foi brilhante e fortalecedor!

Quase no meio do ano, tivemos alguns percalços, um vilão foi desmascarado (leia aqui), amizades se tornaram mais fortes, novas amizades começaram.  

Tivemos um encontro MARAVILHOSO, quando nossa família veio prestigiar nossa formatura, e foi um dos períodos de minha vida mais feliz, exatamente por estarem conosco. Foi nesse momento que pude perceber que realmente, somente as pessoas que nos amam vão estar com a gente apesar de tudo o que somos. Foi quando vi que todas as horas de dúvida, ou toda a sensação de incapacidade, e toda a espera não foi em vão. E pude ver que, mesmo com tanta coisa por vir e realizar, valeu cada segundo viver esse momento.

Depois voltamos para o Brasil, e, ao sentar na cadeira de balanço de vovó, eu enchi minha vida novamente de combustível. Foi no soprar do ventinho de outubro na sala vendo vô Ary cochilar, que eu tive certeza de algo tão angustiante, mas eu ainda não sabia (e agora vocês vão rir): eu cresci!

Gente, eu cresci! Foi tão doloroso. Mas teve seu momento de alegria também. Me dei conta de como o tempo passa, a vida continua, algumas coisas mudam bem devagar. Também percebi que é fácil não nos darmos conta disso, se na nossa cabeça não houver espaço pra mudança, estaremos fadados a estagnar! E eu me dei conta que ninguém pode me fazer ser melhor, mas eu posso. É, foi assim mesmo, eu ainda estou chocada. Descobri que tem uma hora que as desculpas não têm mais lugar, nós temos que nos empenhar, a vida não vai esperar não.

Fui descobrir que a felicidade não está em um lugar, nem em um sonho, nem em uma coisa. Está em alguém. Então, posso dizer que, somente por essa grande descoberta minha, esse ano valeu mesmo. Meu alguém é o Rafa. Meu alguém é minha família. Meu alguém é uma amiga que mora longe. Meu alguém é quem eu possa ajudar de coração. Meu alguém é quem preze minha amizade desinteressadamente, apenas.

Então, essa foi uma síntese do meu ano. Agora chegou a hora de almejar ter a força suficiente pra continuar. Que tenhamos todos um Ano de 2012 excelente.


E, porque eu cresci, vou tentar fazer melhor.

Luiza Versamore



Papai Noel

Tenho uma notícia sobre a solidão que você ainda não sabe... Em um fragmento minúsculo de tempo o aperto no peito é tanto que posso sentir a mão da sufocadora em minha garganta. E ela se torna cada vez mais sólida, e eu fico estagnada, esperando que ela se solidifique cada vez mais, sentindo que ela está virando pedra ao me tirar um pouco o ar neste segundo infinito e inexplicável.

Daí me sinto criança novamente. E presto atenção... Com certeza! É isso! A época do ano em que estou! Uma época que só pode ser da menina, da sonhadora, na pureza de um dezembro.

Naqueles anos, aquelas eram as semanas favoritas de TODO o ano... um tempo vermelho, verde e de passas de uva “roubadas” de um furinho no panetone.

Que coisa absurda, na calada solidão da distância, me dou conta que existiu magia sim. Hoje ficam alegando que o papai Noel é figura capitalista pra ajudar a transformar o Natal em uma “coisa” comercial. Tá, como criatura adulta eu tenho que aceitar que sim. Mas o papai Noel que preencheu minha infância de esperança e brilho, era o papai Noel do livrinho de capa azul que contava a historinha do Beto, um menino que queria ganhar de presente no Natal, a visita do papai Noel, porque, era o Beto quem queria dar um presente a ele. Então, pra resumir, no final do livro, o Beto dá ao papai Noel um par de meias vermelhas, tricotadas pela avó de Beto, e papai Noel fica mega agradecido porque as suas já estavam furadas. A moral no final da historinha era que “o papai Noel cuidava tanto dos presentes das pessoas que não tinha tempo pra cuidar dele mesmo”. Eu explico, porque sei que ficou meio embaçado.

O que quero dizer é que, apesar da “coisa capitalista”, meu sonho era encontrar papai Noel pra agradecer. Hoje, se ele fosse de verdade, eu iria agradecer aquela noite, na casa de vovó, onde ao pé do pinheiro cheio de luzinhas, eu ficava sentada com meu primo adivinhando o que tinha embaixo dos embrulhos. Agradeceria pela vó que tinha ido buscar o galho de pinheiro na casa do vizinho pra que eu tivesse uma árvore com aquele cheirinho de mato gostoso exalando pela sala. Agradeceria pelo momento encabulado de ter que engolir o choro na hora em que as bolinhas de natal “quebravam” na minha mão (sim, bolinhas de natal eram caríssimas e feitas de algo parecido com vidro). Agradeceria porque vi vô Ary com seu bigode grisalho, cabelo lambido pra trás, colocando as cadeiras no pátio pra esperar o pessoal. Também agradeceria porque tinha recém chegado de Alegrete e visto meus avós Cristina e Alcione, e ela tinha deixado eu dormir uma noite inteira com uma caixinha de música com a qual eu “infernizei” meu titio Lucho, fazendo ela tocar bem na hora que ele ia pegar no sono! (Ele, certamente, não nutre essa saudade!)

Agradeceria sim ao papai Noel, essa noite de felicidade sem igual, em que minha mãe (ainda) não era a “gourmet” da nossa ceia, mas fazia uns sanduichinhos deliciosos de mostarda pra gente beliscar. 

Mas o momento mais lindo de todos, que eu agradeceria de verdade verdadeira, seria aquele momento dos abraços. Aquele encontro de olhares risonhos, quando chegava a meia-noite, e os tios e tias vinham levantar a gente no colo, onde existia também neles uma esperança de que tudo seria melhor, e que tudo valeria a pena. Era um pensamento tristonho de saber que papai vivia longe, e eu não o veria, mas afinal, era Natal. Era um momento grandioso demais pra durar tão pouco, mas, se durasse mais além do que deveria, não seria hoje com certeza, essa lembrança apertada, saudosa, forte.

Então eu cresci. E cada integrante de nossa família cresceu também. E sei que todos dentro dela têm coisas pra agradecer.
Talvez a vida de cada um tenha tomado rumos que naquela época não se podia prever. Vivemos muita coisa, longe ou perto. A gente se reencontrou, viveu, chorou e riu como nunca. A gente trocou os melhores presentes, que são aqueles que damos sem perceber aos que amamos: uma lembrança pura.

Então, crescemos. E, pela primeira vez na vida, por essas coisas que são como as bolinhas de natal daquele tempo antigo, lindas e delicadas, e, que a gente aperta demais e se machuca, eu estou aqui, morando bem longe.

Mas tem uma coisa: a solidão pode vir e me apertar o quanto ela quiser. Não acredito nela não. Eu acredito em papai Noel.

Luiza Versamore


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